sábado, 20 de agosto de 2016

Ex-Miss Brasil Jacqueline Meirelles lembra suas três tentativas de suicídio

Ela recebeu a coroa em 1987 e enfrentou depressão profunda por seis anos
20/08/2016 - 08h07 - Atualizado 20/08/2016 08h07 por FELIPE CARVALHO
Pin it !A ex-Miss Brasil Jacqueline Meirelles (Foto: Reprodução/Instagram)
O mito da vida glamourosa de ex-Miss Brasil caiu por terra depois do suicídio de Fabiane Niclott, em junho de 2016, no Rio Grande do Sul, colocando os dramas sobre a perda do posto sob os holofotes. Jacqueline Meirelles, que recebeu a coroa de mulher mais bonita do País em 1987, lembra que entrou em depressão profunda anos depois e que os remédios receitados pelo médico não eram capazes de amenizar o problema.
“A depressão é uma doença silenciosa e não tem diagnóstico, se a pessoa consegue disfarçar. Durante seis anos eu não falava e só meu marido e meus filhos sabiam. Passava o dia todo na cama e chorava muito. Tudo é muito interno, pessoal e perigoso justamente por não ser aparente. É uma doença perigosa como qualquer outra e é fatal. Existe um buraco e uma angústia no peito que os remédios não dão conta. Tentei me matar três vezes”, descreve. 
A ex-Miss Brasil, que hoje é empresária e relatou toda sua história no livro “Da Coroa ao Cajado”, conta que sua depressão costuma ser associada ao fato de se afastar da mídia mas, na realidade, seu caso começou por um casamento problemático, em 1989.
“A depressão chegou em 2002 e não foi em decorrência de voltar ao anonimato. Por muitas vezes eu escutei que eu queria me fazer de vítima, que era manha e era frescura. Me intoxiquei muito com remédio, fiquei quase careca, engordei demais, emagreci demais e não aguentava mais. Foram meus filhos que me socorreram quando tentei me matar. Quando não conseguia, eu me mutilava e me rasgava com tesoura, para sentir correr a adrenalina pela meu corpo”.
Glamour: Por que você se machucava?
Jacqueline Meirelles: Parecia que meu cérebro liberava a adrenalina que anestesiava meu corpo. Enquanto eu me rasgava, eu não sentia dor. Entendi porque as pessoas se matavam. Só quando sentia dor eu parava de machucar meu corpo. Eu queria acabar com a dor e passava ela pra outro lugar. Tinham noites que eu batia a cabeça na parede, para tentar quebrar mesmo.
G: Como saiu da depressão?
JM:
 Minha mudança de comportamento foi quando percebi que ninguém veio para sofrer, viemos para ser felizes. Se cultiva a tristeza, começa a gerar doenças. Primeiro tristeza, depois angústia e depois passa a ser doença física. O jeito de sair dessa é sendo verdadeiro, falando quem você é de verdade.
G: E seu casamento? Como ficou?
JM:
 Quando percebi que eu deixava de ser eu para ser alguém que meu casamento queria que eu fosse, me posicionei. Foi aí que houve um conflito, me separei e nunca mais tomei remédio.
G: Em que você se apegou para conseguir isso?
JM:
 Tenho um atelier de acessórios e isso me ajudou muito.
G: Quando concorreu ao Miss Universo e perdeu, como se sentiu?
JM: Eu tinha 24 anos e foi frustrante. Foi a segunda grande decepção da minha vida. Fui para Cingapura participar do concurso e recebia informações de que a forte candidata era a Miss Brasil. Quando a contagem dos votos começou, ganhei o traje típico e fiquei pensando se eu realmente ia ganhar... Tinham meninas ali que burlavam as regras rigorosas. Quando vi a escolha das 10, eu fiquei frustrada. Inclusive, o Miss Universo daquele ano terminou comigo chorando.
G: Qual conselho daria às jovens que têm o sonho de ser Miss?
JM:
 Acho que a vida oferece oportunidades e elas devem ser abraçadas com consciência e pé no chão. Do mesmo jeito que a beleza nasce, ela acaba. Viver pautada pela aparência é perigoso e você pode se decepcionar. Precisa ter respeito pelos outros, pelas outras concorrentes, se dedicar, ser profissional, onesta, correta, procurar fazer o bem e trazer algo a mais.
G: O que vocÊ faz hoje em dia?
JM:
 Continuo divulgando meu livro “Da Coroa ao Cajado” e estou reabrindo meu atelier. Trabalho com autoestima por conta de ter sofrido com isso. Amo fazer coisas que fazem com que a mulher se sintam bem, que elevem a autoestima. Também tenho um programa na AllTV, o “Plano B”, que fala sobre autoestima, bem estar e saúde.
Pin it !Jacqueline Meirelles (Foto: Reprodução/Instagram)
Pin it !Jacqueline Meirelles, aos "20 e poucos ano" (Foto: Reprodução/Instagram)

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