Tradição na Venezuela,
concurso de Miss sofre
com crise econômica
Desfile de 2016 foi realizado em estúdio de TV
07/10/2016 - 11H42 - ATUALIZADA ÀS 11H48 - POR AGÊNCIA O GLOBO
Apenas 100 pessoas se reuniram para aplaudir a coroação de Keysi Sayago como a venezuelana mais bonita de 2016, na noite de quinta-feira. Se concorresse há alguns anos, a engenheira mecânica de 22 anos, representante do estado de Monagas, desfilaria para 15 mil espectadores, em uma festa condizente com uma tradição nacional que já rendeu àVenezuela sete títulos de Miss Universo. A 64ª edição do evento social refletiu desta vez a grave crise econômica e política que abate o país latinoamericano.
Em vez da pompa, Keysi recebeu a láurea em um espetáculo mais intimista, adequado para caber em um estúdio de televisão. Na lista de atrações, artistas menos badalados. Em entrevista à Efe, o diretor do programa, Erick Simonato, ressaltou que os problemas de organização não eram inéditos, mas que este ano se tornaram mais urgentes. Faltaram, por exemplo, produtos essenciais à produção das 24 competidoras, como maquiagem, fita adesiva, botões de vestidos e tecidos.
SAIBA MAIS
Simonato, que trabalha na atração há 30 anos, explicou à agência que a arrecadação de patrocínio não foi suficiente para arcar com o luxo que se esperava do Miss Venezuela. O editor de arte e entretenimento do jornal “El Universal”, Simón Villamizar, disse à AFP que enxergava uma decadência na edição deste ano.
"Já não se veem os artistas do passado. Não faz muito tempo que passaram pelo Miss Universo gente como Luis Fonsi, Olga Tañon ou Daddy Yankee. Acabou virando uma paródia do que era", analisou Villamizar, especialista no concurso.
Ainda assim, a modéstia da apresentação não desestimulou os venezuelanos: durante as quatro horas de show, 15 dos 20 assuntos mais comentados no Twitter nacional estavam ligados ao concurso. A paixão popular situa o Miss Venezuela como a transmissão televisiva de maior audiência do ano no país. Até o impacto da crise na competição, os desfiles eram montados no grande El Poliedro, na capital Caracas, para onde se dirigiam, em trajes de gala, personalidades da TV, dirigentes políticos e empresários de elite.
Keysi se prepara a partir desta sexta-feira para o Miss Universo, festa de gala em que sua pátria é a segunda maior vencedora. Na etapa mundial, nas Filipinas em janeiro de 2017, com direito a toda a pompa, a engenheira pode levar a Venezuela ao topo do ranking, em empate com os Estados Unidos, dono de oito coroas.
http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2016/10/tradicao-na-venezuela-concurso-de-miss-sofre-com-crise-economica.html
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