terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Você sabe o que é um missólogo? O Mais que Miss conta para você!

Em 1985 eu fui eleita Miss Lages e Miss Santa Catarina. Para que meu sonho se tornasse realidade eu contei com o apoio de muitas pessoas. Minha família, amigos, cabeleireiros, maquiadores, colunistas sociais.
Em São Paulo onde foi realizado o Concurso Miss Brasil passamos 15 dias no "Hotel das Misses", como era conhecido. Foram dias intensos com muitos ensaios, passeios e entrevistas.
Foi ali que pela primeira vez eu tive contato com os fãs de concursos. Pessoas que todos os dias nos esperavam no saguão do Hotel para tirar uma foto, pedir um autógrafo, conversar.
Entre eles, eu e minha mãe fizemos uma linda amizade com um senhor meigo, simpático e que era solidário com todas nós. Ele se chamava Milton Brito. Era um apaixonado pelo mundo das misses. Colecionava fotos, revistas, histórias e sabia o resultado de muitos concursos, desde as semi-finalistas, finalistas até a vencedora.
Anos depois eu ouvi pela primeira vez o termo "missólogo". Hoje eu compreendo que o Milton foi um grande missólogo, apesar do termo não existir naquela época!
A palavra ainda não faz parte do nosso dicionário. Para entender melhor este universo eu entrevistei o jornalista arquiteto e missólogo baiano, Roberto Macedo. Autor da biografia da Miss Universo 1968, Martha Vasconcellos. Eu tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em 2015, durante o reencontro das candidatas ao Miss Brasil 1985.

Roberto Macedo e a Miss Universo 1968, Martha Vasconcellos

Roberto, qual a origem da palavra missólogo?
- Acredito que ela surgiu em 1987 quando eu fui convidado para uma entrevista na TV Itapoan em um programa preparatório do Miss Bahia. 
O produtor, Carlos Borges, irmão da apresentadora, Hélide Borges, disse que não sabia como me chamar. Foi então que ele sugeriu o termo "missólogo". A partir dali, passaram a me chamar de missólogo em todos os programas que eu participava. 
E o que é um Missólogo?
- O missólogo é o estudioso dos concursos de misses. Assim como existem psicólogos, antropólogos, geólogos, existem missólogos. É quem pesquisa, quem busca o conhecimento decorrente dos concursos de beleza, pois não se resume ao desfile a escolha de uma miss. Há todo um envolvimento social, político, econômico. Uma miss conta com a participação do seu meio, sua família, seus amigos, seu clube, seu município, seu estado, seu país. Há os componentes econômicos, como a sede do concurso, os patrocinadores, as transmissões por TV, rádio, internet, etc. Também podemos observar os interesses políticos de lançar uma candidata, de sediar o evento, de usar o título de uma miss para promoção. Há questões relacionadas com cirurgias plásticas, sexo, religião, racismo. Ou seja, um concurso de miss é o retrato do momento sócio-político de uma coletividade. 


Quais foram os primeiros missólogos brasileiros?
- No início eu me sentia um ET. Não conhecia mais ninguém que gostasse dos concursos de beleza como eu, de forma científica - diria até assim. Com o tempo, conheci um missólogo colombiano fruto de uma carta que enviei para a revista Cromos. Ele me colocou em contato com o alagoano Expedito Barros (um dos maiores do Brasil). Daí o grupo foi crescendo, e, com o advento da internet, descobrimos que não somos ETs, rssss. Há muitos missólogos em todo o mundo.
Existem regras?
- Não. Alguns se interessam mais pelo fato social, outros pelos indicativos de uma época, outros pelas estatísticas. O importante é que cuidem dos concursos com esmero, procurando tirar todas as lições possíveis para que se possa entender uma época. É de grande importância separar o missólogo do treinador. De uns tempos para cá, pessoas que não sabem nada da história dos concursos, mas que ensinam a miss a se maquiar, a desfilar, a posar, têm se auto-denominado missólogos. Não, esses não são missólogos. São treinadores de misses.
Qual o perfil de um missólogo?
- Os mais variados. Creio que há um componente comum a todos: são inteligentes (modéstia à parte rssss). São profissionais que cuidam das suas vidas, geralmente bem sucedidos nas suas profissões e têm nos concursos de beleza um hobby muito importante ao qual dedicam boa parte do seu tempo.

Melissa Gurgel, Miss Brasil 2014 e Roberto Macedo

Qual a importância dos missólogos para a história dos nossos concursos?
- Acredito que a importância maior está em ser um guardião da história. O missólogo guarda com cuidado e conhecimento técnico o acontecimento. É uma testemunha. E faz com que as rainhas da beleza sejam eternamente lembradas, homenageadas, festejadas. Devemos sempre saber quem fomos para sabermos o que queremos ser. "Um povo sem história é um povo sem futuro", finaliza Roberto Macedo.
Roberto Macedo durante o Reencontro das candidatas ao Miss Brasil 1985

Escrevi este post em homenagem a todos os queridos missólogos que nos acompanham pelas redes sociais preservando a história dos nossos concursos. Em especial ao saudoso e querido, Milton Brito.

Milton Brito com a Miss Brasil 1989, Flávia Cavalcanti e a Miss Brasil 1991, Patrícia Godoy
 http://www.maisquemiss.com.br/noticia/voce-sabe-o-que-e-um-missologo-o-mais-que-miss-conta-para-voce/

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