quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Raíssa Santana, Miss Brasil 2016, lembra bullying na infância e diz que não esperava ganhar coroa

A paranaense virou modelo aos 15, quando foi descoberta por um maquiador
19/10/2016 - 07h47 - Atualizado 19/10/2016 07h47 por FELIPE CARVALHO
Raíssa Santana, Miss Brasil 2016 (Foto: Danilo Borges)
Sabe o típico conto de fadas, em que uma menina simples vira uma verdadeira rainha depois de uma transformação mágica? Pois bem, foi assim que aconteceu com Raíssa Santana, de Umuarama, no Paraná. Ela foi descoberta por um maquiador quando era recepcionista de uma academia, aos 15 anos, e hoje é a Miss Brasil 2016. "Ele me chamou para participar de um concurso de beleza de adolescentes. Fiz um ensaio fotográfico, com um fotógrafo que virou meu amigo, e os dois me 'adotaram'. Eles me incentivaram muito, passei a trabalhar com eles como assistente e entrei neste mundo da moda", lembra.
A história
Raíssa contou à Glamour, nos bastidores do shooting oficial do Miss Brasil - com fotos de Danilo Borges, beleza de Saulo Fonseca e styling de Juliana Maia - que sempre foi magra e alta demais, e se achava feia, não se aceitava. Foi uma fase difícil. "Sofria bullying. As pessoas me diziam coisas ruins, nas quais eu acreditava e alimentava. Eu não me aceitava até virar modelo, quando vi que eu era, sim, bonita, e que o que diziam era mentira. Minha autoestima melhorou a partir de um ensaio fotográfico, quando me vi produzida e comecei a acreditar em mim mesma."
"Eu alisava o cabelo, tentava me enquadrar de alguma forma [nos padrões], não me maquiava, não me arrumava para tentar ficar bonita e não tirava a sobrancelha. Não que eu não gostasse de mim, mas não conseguia me ver bonita no espelho, essas coisas pelas quais todo adolescente passa", disse.
Raíssa ganhou o Miss Teen, depois venceu outras concorrentes em sua cidade natal, mais tarde venceu o Miss Paraná e, finalmente, foi coroada como Miss Brasil no dia 2 de outubro de 2016. "Foi uma surpresa muito grande, eu não esperava. É algo surreal. Foi uma surpresa muito grande e não acreditei. Eu acordei no dia seguinte e ainda não acreditava, demorou um pouco para cair a ficha. A gente batalha muito para chegar até aqui. Valeu muito a pena tudo o que eu fiz e o que passei", celebra.
Leia a entrevista completa:

Glamour: Você tinha algum receio antes de conquistar a coroa?
Raíssa Santana: 
É uma responsabilidade muito grande representar um País num concurso desse tamanho... O que eu sempre quis era fazer tudo certo e da melhor forma possível. Pensava “se eu ganhar, quero fazer tudo certinho, dar orgulho para todos”. Eu também não imaginava que fosse ganhar, por isso não tinha receio. Nem passava isso pela minha cabeça.

G: Qual foi a sensação quando seu nome foi anunciado?
RS:
 Não dá para explicar o que senti: saí do meu corpo. Parecia que eu estava em outro lugar, flutuando. É como um sonho inexplicável. Foi diferente do Miss Paraná, uma sensação muito boa.

G: Qual a importância de ser a segunda mulher negra da história do Miss Brasil?
RS: É um orgulho muito grande representar as mulheres negras. Fico muito feliz quando alguém me diz que eu as estou representando e fico muito orgulhosa.

G: No Brasil, os negros representam 54% da população (dados de 2015), mas existem poucas representantes no mundo da moda e da beleza. A que você atribui isso?
RS: Acredito que seja uma falta de oportunidade e hoje as meninas podem me ver como um exemplo. Precisa ter uma representatividade nesse caminho, faltam pessoas que sirvam de espelho para que elas possam correr atrás do que querem. Estamos conquistando aos poucos e acredito que essa realidade ainda vá mudar.

G: Você sentia falta exemplos de mulheres negras na infância?
RS:
 Com certeza. Na nossa cabeça, por exemplo, uma Miss era completamente diferente: a gente sempre pensava na princesa dos contos de fadas, branquinhas com cabelos lisos e loiros. Sentia falta até mesmo de ter orgulho do meu próprio cabelo. Eu alisava e faltava alguém que me dissesse “que linda ela é com cabelo cacheado”. Faltou me aceitar mais e me achar bonita.

G: E as bonecas negras?
RS:
 Com certeza faltam. Esses dias soube que fizeram uma Barbie parecida comigo, negra, e achei muito legal. Não sei nem se é de verdade, mas vendo aquilo é algo que incentiva. Tem que ter de todas as formas, afinal tem gente de todo jeito.

G: Chegou a ter medo de um erro como o que aconteceu com o Miss Universo de 2015, em que o apresentador anunciou a vencedora errada?
RS:
 [Risos] Não chegou nem a passar isso pela minha cabeça. Estava tão nervosa que não sabia o que pensar. Foi algo muito forte. Não deu tempo de pensar nisso.
G: Quais suas expectativas para o Miss Universo?
RS:
 Está sendo uma preparação bem puxada. Tenho feito aulas de inglês, passarela, academia, jazz, dieta e toda uma forte preparação. Quero dar o meu melhor para tudo. Acho que se eu me preparar bem, vou conseguir fazer um bom trabalho.
G: Qual seu pecado gastronômico na dieta?
RS: 
Sou viciada em doce e sempre como um depois do almoço. Acho que a parte mais difícil é ficar sem ele, mas tento maneirar e deixar só para o final de semana. Eu amo todos, mas acho que o predileto é chocolate. Meu relacionamento com doces é uma coisa bem séria (risos).
http://revistaglamour.globo.com/Celebridades/noticia/2016/10/raissa-santana-miss-brasil-2016-lembra-bullying-na-infancia-e-diz-que-nao-esperava-ganhar-coroa.html

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