Las Vegas tem 'protesto de food-trucks' contra Trump antes de debate
19/10/16 às 20:57 - Atualizado às 21:05 Folhapress
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, ENVIADA ESPECIAL LAS VEGAS, EUA (FOLHAPRESS) - O muro do qual Donald Trump tanto fala estava lá. Só não era exatamente o que o presidenciável republicano tinha em mente ao prometer ampliar a muralha na divisa entre EUA e México. Uma fila de seis food-trucks, que ofereciam especialidades latinas, picanha e culinária asiática, formaram um paredão a metros da entrada do Trump International Hotel.
O protesto aconteceu a poucas horas do terceiro e último debate entre Trump e a democrata Hillary Clinton, nesta quarta-feira (19), em Las Vegas. Mulheres usavam coroas de falso brilhante e a faixa "Miss Housekeeping" (miss faxineira), em referência à Miss Universo 1996, Alicia Machado, que diz ter sido assim chamada por Trump -por sua origem venezuelana- e também de Miss Piggy (miss porca), por ter engordado após o concurso.
A manifestação foi organizada pelo sindicato local dos trabalhadores da área gastronômica, que representa cerca de 50 mil deles. Era solidária às camareiras do Trump Hotel, diz à Folha Resha Quintana, 32. Funcionários do hotel votaram a favor da sindicalização, mas o dono do estabelecimento não aceita isso. "A luta é por salários maiores e mais direitos." Cozinheira no hotel da MGM e de ascendência mexicana, Quintana reclama que a mídia, "mesmo a liberal", ajudou a estigmatizar a função, "como se a faxineira fosse algo deplorável". Enquanto ela fala, uma limousine com o adesivo "presidencial" na janela faz um buzinaço -impossível saber se em defesa ou repúdio à aglomeração, que a essa altura reúne dezenas de pessoas.
A ventríloqua Abril Brooker, 33, não tem "o que dizer" sobre o empresário. Já pelos cotovelos fala Donald Tramp (trocadilho com o sobrenome do empresário e a palavra que em inglês significa "vagabunda"). É o boneco que ela manuseia e que, em sua opinião, deveria estar no debate no lugar do candidato. "Sou muito bom me conectando com os latinos! Vou comer tacos! Yo quiero Taco Bell", diz.
A ironia remete a uma foto que Trump publicou no feriado mexicano Cinco de Mayo, comendo a iguaria do país em seu jato (na verdade, ela foi preparada por um chef irlandês do Trump Tower Grill, onde custa US$ 18, ou R$ 57). Tom Maran, motorista de ônibus aposentado, conta ter dirigido de Michigan até Las Vegas (mais de 3.000 km), "com esta cabeça na caçamba", para protestar contra o bilionário. Por pouco não perdeu a tal cabeça na estrada —uma máscara gigante, com um grande topete louro, feita por US$ 18 mil para "homenagear" Trump, usada por um amigo a seu lado.
Maran afirma que, "entre tantas possíveis", sua maior birra com o republicano é a forma como ele imitou um repórter do "New York Times" com artrogripose, condição congênita que pode fazer com que as mãos fiquem curvadas em forma de gancho, por exemplo. O motorista costumava transportar passageiros com deficiência.
Do lado de dentro do hotel, sob anonimato, uma funcionária diz achar "absurdo" aquela "balbúrdia toda". "Claro que eu amaria ter mais direitos, mas prefiro ter um emprego do que nada. Vai acabar sobrando para a gente, que está aqui quietinha", diz. Na sequência, uma hóspede sonda o preço de um tratamento de beleza (hidratação facial, escova, manicure e pedicure) ofertado no local, o Summer Trumptations.
http://www.bemparana.com.br/noticia/470498/las-vegas-tem-protesto-de-food-trucks-contra-trump-antes-de-debate
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