Negra, Miss SP encoraja uso do cabelo afro em cidade do interior
Moradora de Caconde e estudante em Guaxupé, Sabrina de Paiva equilibra as atividades de seu reinado com o emprego na cidade de São José do Rio Pardo. Ela se divide entre os três municípios.
Sabrina de Paiva bateu de porta em porta no comércio de Caconde, interior paulista, para comprar o vestido que seria usado no maior concurso de beleza do estado. Aos 20 anos de idade, após deixar sua cidade natal, a jovem veio para a capital realizar o sonho de ser eleita a nova Miss São Paulo, quebrando barreiras raciais por ser uma das poucas negras a vencer a competição. “Esperava ficar entre as cinco [primeiras colocadas]. Foi uma emoção muito boa. Sensação de que valeu a pena tudo o que fiz”, afirmou à Marie Claire.
Mas ao contrário do que se pode imaginar, seu reinado como miss não a isentou de continuar trabalhando duro. Sabrina, após o concurso, manteve praticamente a mesma rotina de antes, não largou o emprego para poder se sustentar, nem desfruta de muitas regalias por conta da fama repentina. “Ainda trabalho como vendedora em uma butique e faço fotografia [como modelo]”.
Sabrina se divide em três cidades para dar conta da rotina. Mora em Caconde, trabalha em São José do Rio Pardo e estuda publicidade em Guaxupé. Ela é o espelho de milhares de brasileiras que lutam para conquistar uma vida melhor, e que apostam na criatividade para bancar os sonhos. “Ia do trabalho para a faculdade todos os dias”. E foi na universidade que teve a ideia buscar financiamento para custear os gastos com o concurso.
“Fiz um ‘livro de ouro’, que é onde você escreve seus objetivos [e pede doações]. No início, comecei pelo comércio. Alguns me ajudavam com roupas, e depois passei a ir às casas”, afirmou. Sua família deu todo o apoio para não desistir. “Minha mãe me acompanhou nesse processo todo”.
NEGRA
O concurso ganhou repercussão nacional por entregar a coroa a uma negra que decidiu valorizar a cultura afrodescente com um penteado black power durante a disputa. "Deixei o cabelo natural, sim, ele é parte da minha identidade. Não iria chegar lá sem meu cabelo, é parte de mim. Seria como ir sem minha perna".
O concurso ganhou repercussão nacional por entregar a coroa a uma negra que decidiu valorizar a cultura afrodescente com um penteado black power durante a disputa. "Deixei o cabelo natural, sim, ele é parte da minha identidade. Não iria chegar lá sem meu cabelo, é parte de mim. Seria como ir sem minha perna".
A atitude de Sabrina causou impacto não somente nas redes sociais, onde viralizou e ganhou muitos elogios, mas em seu próprio município. "Na minha cidade, as pessoas estão começando a usar o cabelo solto [natural]. Em uma ocasião, uma mulher, também negra, se aproximou para lhe parabenizar. "Você está representando minha cultura. Sua vitória é a nossa vitória".
Em outra oportunidade, a Miss notou a mudança inclusive entre as crianças. "Vi duas mulheres conversando na feira, e uma delas falou para a outra quando viu a filha balançando o cabelo: 'nossa, filha o que você está fazendo?'. E a menina respondeu. 'Estou fazendo como a miss São Paulo'. Então, estou vendo essa repercussão.", afirmou.
Sua representatividade, no entanto, não se restringe somente às negras. Um de seus objetivos é exatamente mostrar que há beleza em toda a diversidade. "Semana passada, estava na minha cidade e fui nas escolas. Uma menina [branca] entregou uma cartinha e nela estava escrita que se sentia feia. Eu lhe disse que não era verdade".
PRÓXIMOS PASSOS
A disputa do Miss São Paulo reuniu 30 mulheres de várias cidades paulistas em uma casa de shows da capital no dia 28 de maio. A final do concurso anunciou Sabrina em primeiro lugar, a Miss Ribeirão Preto, Marina Andrade Lemos, em segundo e, em terceiro, a representante da cidade de Americana, Tayná Correia Pereira.
A disputa do Miss São Paulo reuniu 30 mulheres de várias cidades paulistas em uma casa de shows da capital no dia 28 de maio. A final do concurso anunciou Sabrina em primeiro lugar, a Miss Ribeirão Preto, Marina Andrade Lemos, em segundo e, em terceiro, a representante da cidade de Americana, Tayná Correia Pereira.
O próximo passo da vencedora da competição será representar o estado na etapa nacional do concurso. "Agora estou me preparando para o Miss Brasil, daqui a três meses", disse. Para estar em forma na noite da coroação, Sabrina não mede sacrifícios. "Malho todo dia, faço musculação e aeróbica (sic.). Tiro carboidratos da alimentação, e principalmente, os doces, que é o que mais gosto. Sou uma formiga", concluiu.
http://revistamarieclaire.globo.com/Famosos/noticia/2016/06/negra-miss-sp-encoraja-uso-do-cabelo-afro-em-cidade-do-interior.html
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