Meninas da Baixada disputam posto de miss em concurso que vai além da beleza
Que a Baixada é rica em belezas naturais, boa gastronomia e patrimônio histórico, muita gente já sabe. Mas, além disso, a região não deixa a desejar quando o assunto é mulher bonita, empoderada e cheia de orgulho. A prova é a quinta edição do concurso cultural Miss Baixada 2016, que vai escolher amanhã, entre 13 concorrentes, a jovem mais apaixonada pelo lugar.
Criado em 2007 pela publicitária Patrícia de Paula, de 37 anos, com o objetivo de promover a Baixada, o duelo pela coroa é dividido em três etapas básicas: um workshop, as seletivas municipais e a grande final.
— Apesar do título de miss, o concurso tem o propósito de ser não apenas uma disputa de beleza, mas também de melhorar a autoestima dos moradores em geral e mostrar que é possível termos orgulho de viver aqui — explica a iguaçuana.
Entre os quesitos para ingressar na seleção, que permite a candidatura de meninas entre 14 e 21 anos, estão beleza, simpatia, desenvoltura e — o mais importante — amor pela cidade onde nasceu:
— Esse é o item mais complicado e o nosso diferencial na avaliação. É julgado por meio de uma pergunta a que as finalistas respondem, sobre o que as deixam orgulhosas na Baixada e por que deveriam ser nossas representantes.
Para ajudar as meninas nessa tarefa, Patrícia incluiu aulas de História da Baixada, ministradas pelo historiador Gênesis Torres, na preparação para o concurso.
— Elas também são orientadas sobre saúde e prevenção de doenças, valorização do comportamento feminino, Lei Maria da Penha, etiqueta e postura, automaquiagem e penteados — enumera a publicitária.
Estreante em competições de beleza, Bianca Pimentel, de 18 anos, está animada com a chance de garantir a vitória para Magé.
— Minha região tem uma história incrível, mas sempre é julgada por coisas ruins, violência... — lamenta a moça, que agora compartilha, nas redes sociais, o conhecimento assimilado sobre o município: — O que estudamos aqui levamos para o resto da vida.
Nascida em Guapimirim, Camila Fernandes, de 17 anos, não acreditava em sua entrada no Miss Baixada, mesmo já tendo participado de outros desfiles. Para ela, que sonha ser cardiologista, a disputa ajudou a aumentar sua autoconfiança:
— O diferencial desse concurso é exigir não só que nós tenhamos um rostinho bonito, mas que a gente entenda a importância das nossas cidades. E nós aprendemos muito umas com as outras.
A vencedora da etapa de Seropédica, Ágatha Figueira, de 15 anos, conta que abraçou a proposta do projeto e, desde que se tornou miss, contribui com um abrigo para cães na região:
— Consegui várias doações para uma senhora que cuida de 80 cachorros. Ser miss é se importar com o lugar onde nasceu e tentar intervir nos problemas sociais.
Para a realização do evento, que começa em abril com a abertura das inscrições, Patrícia conta com o apoio de clínicas de estética, fotógrafos, lojas de roupas, salões de beleza e alunos de Comunicação Social, que aceitam fazer a cobertura do concurso voluntariamente.
— Os estudantes de Produção de Eventos da Escola das Artes Técnicas Paulo Falcão (em Nova Iguaçu) vão nos ajudar nos bastidores com camareiras, recepcionistas, contrarregras e assistentes de produção — detalha a publicitária.
Nas seletivas, a avaliação das concorrentes é feita por um júri composto de profissionais da Baixada, entre cabeleireiros, maquiadores e atores. Já na final, a organizadora explica que convida especialistas de fora da região para darem notas às participantes.
Além de buscar estimular as meninas intelectualmente, a disputa também tem uma pegada social. Perto de completar 15 anos, a Miss Belford Roxo Alessandra Beatriz dos Santos já tem o que comemorar. Uma das clínicas parceiras da competição deu à menina o “dia da debutante”.
— A Patrícia falou sobre mim e eles resolveram me presentear com tratamentos de beleza para a festa de aniversário. Fiquei muito agradecida — vibra.
A Miss Baixada vai levar como prêmio um ano de procedimentos estéticos e um kit de cosméticos. As três primeiras colocadas no concurso ganharão uma coletânea de livros de Pedro Ferreira, poeta da região.
— Carregar essa faixa é uma forma de enfrentar o preconceito. Se nós, que nascemos aqui, não valorizarmos o local, quem é que vai? — questiona Patrícia.
O evento vai acontecer na Riosampa, em Nova Iguaçu, às 16h. A entrada custa R$ 5 ou um quilo de alimento não perecível, que será doado para a Casa do Jovem Júnior, em Mesquita.
http://extra.globo.com/noticias/rio/meninas-da-baixada-disputam-posto-de-miss-em-concurso-que-vai-alem-da-beleza-20132183.html
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