Quem entende de beleza, quem tem a verdadeira compreensão da estética feminina, quem melhor pode avaliar os seus traços esculturais é o artista plástico. Esse era o pensamento predominante do jornalista Amado Coutinho, presidente da Associação dos Cronistas Carnavalescos, criada em 1934, entidade que já no ano seguinte realizou o primeiro concurso de Rainha do Carnaval.
O concurso deu certo desde o início em função da ideia de Coutinho de convidar os principais clubes carnavalescos da cidade para inscreverem as suas respectivas representantes. A relação de candidatas era divulgada na revista Única e os leitores participavam preenchendo os cupons publicados com suas escolhas. Essa cumplicidade do público na eleição criou um clima favorável. Hilda Martins do Clube Fantoches da Euterpe venceu o concurso de 1935 e Lourdes de Azevedo do Cruz Vermelha, o de 1936. Rodízio de beldades da elite do Carnaval baiano
As candidatas mais votadas pelo público participavam da seleção final,cuja escolha era feita por um júri muito seleto composto pelos maiores artistas plásticos da Bahia. O júri de 1938 que escolheu como Rainha do Carnaval a bela senhorita Yvone Nunes Schoucair, a mais votada pelos leitores, foi constituído pelos célebres pintores Prisciliano Silva, Alberto Valença e Robespierre de Farias. Também integraram esse júri de notáveis o jornalista Ranulfo Oliveira, presidente da Associação Baiana de Imprensa- ABI; os decoradores e criadores de grandes cenários e carros alegóricos Miguel Roquefort e Jaime Silva; o escultor de grande projeção na época, Carlos Sepúlveda; o folclorista e mais tarde membro da Academia de Letras, Antônio Vianna e mais o poeta Leopoldo Braga e o crítico literário Arthur Mattos.
Como se vê, um júri integrado por artistas de primeira linha para referendar a beleza de Schoucair que no concurso venceu a também lindíssima senhorita Maria Regina Gouveia, na segunda votação, após empate no primeiro turno. Uma curiosidade é que o concurso permitia que as Rainhas do Carnaval, eleitas em anos anteriores, poderiam participar de novo. Foi o caso de Hilda Martins, eleita em 1935 como referido e que foi quarto lugar no concurso de 1938. Nesse ano de 38 também concorreu a senhorita Alzimir Perouse Pinho, cuja foto ilustra o post, representando o Clube Carnavalesco Cruz Vermelha. (Nelson Cadena)
http://blogs.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2017/02/06/rainhas-do-carnnaval-eleitas-pelos-melhores-artistas-plasticos-de-salvador/
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