Da origem humilde ao Miss Brasil: modelo de Belford Roxo representará o Rio
Negra, de família humilde, nascida e criada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Na trajetória de Isabel Correa, Miss Rio de Janeiro Be Emotion 2017, não foram poucas as dificuldades financeiras e os preconceitos enfrentados. A jovem de 27 anos, entretanto, não é de se lamentar. É de sonhar. De acreditar.
— Em 2008, quando eu participei do concurso pela primeira vez e fui vice, muitos vieram falar que eu não venci por ser de Belford Roxo. Isso me entristeceu bastante, porque eu tinha a cidade como meu orgulho. Mas eu disse para mim mesma que um dia seria Miss Rio de Janeiro representando Belford Roxo — recorda.
Isabel garante que não vai fazer feio (não tem como!) no Miss Brasil e já tem na ponta da língua parte do discurso. Ela vai agradecer às centenas de pessoas que a ajudaram a chegar onde está. A participação da beldade na competição só foi possível depois de uma “vaquinha” para custear sua inscrição, no valor de mil reais.
— Estou com Isabel há dez anos. Tenho muito orgulho de cuidar dela e ser também de Belford Roxo — diz o cabeleireiro Márcio Carvalho.
A mais bela mulher do estado nem sempre foi fã do universo da beleza. Isabel conta que seu sonho mesmo era ser jogadora de futebol ou policial militar — seu pai é PM aposentado. Só que, aos 16 anos, parentes a inscreveram em um concurso de modelos. A partir disso, as outras vontades foram ficando para trás.
Hoje, ela encara uma rotina intensa de preparação para a etapa nacional do concurso e se divide entre os estudos da faculdade de Recursos Humanos. No dia a dia, dieta, crossfit, tratamentos estéticos, eventos e a leitura de diversos livros.
— É um concurso que vai além da beleza. Venci não pelo meu físico. Venci pela minha história de vida. Tentei outras quatro vezes ser Miss Rio (em 2008, 2012, 2014 e 2016) e venci no final (ela não poderia competir ano que vem por já estar com 28 anos). Saí vitoriosa. Quero ser exemplo para outras pessoas — explica a jovem.
Família vende salgadinhos
Apesar de toda a pompa que uma miss merece, Isabel não é cercada de luxo. No bairro onde mora, em Hinterlândia, as vias esburacadas revelam que por ali moram famílias humildes, e esquecidas pelo poder público. É no atual endereço que ela ajuda a mãe, Adriana Correa, de 47 anos, a fazer seus salgadinhos para encomendas.
— Fiquei desempregada no ano passado, e, desde então, vendo meus salgados para festas. A Isabel sempre me ajudou. Ao mesmo tempo, eu incentivo minha filha a ser miss, porque sei que é um sonho dela — conta Adriana.
A beleza da jovem também já chamava a atenção no colégio. No Abeu, no Centro de Belford Roxo, onde ela fez parte do ensino médio, a coordenadora de ensino lembra dos primeiros passos de Isabel como modelo.
— Guardo comigo até hoje a primeira fotografia dela como modelo profissional. Todos vamos torcer para ela se tornar a mulher mais bonita do Brasil — garante Jossandra de Oliveira, de 47 anos.
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